Sua Excelência, O Fato #80

Paulo Guedes, que nunca valeu muito mesmo, perambula pela Esplanada dos Ministérios como uma cédula de R$ 3. Como sabemos, notas assim são falsas e só enrolam os trouxas. Esta semana, entre hoje e amanhã, permitindo que se dê a uso político e policial rastaquera o ministério que deveria conduzir a combalida economia brasileira a alguma reação, Guedes promoverá uma dança das cadeiras em sua equipe e ainda deverá perder em silêncio toda a área do antigo Ministério do Planejamento – inclusive a Secretaria de Orçamento Federal. Waldery Rodrigues, segundo na hierarquia da pasta, deixa a Secretaria da Fazenda Nacional por determinação direta de Jair Bolsonaro e vira assessor especial do ministro para se evitar que se converta em alma penada nos gabinetes de Brasília; sobretudo nos do TCU. Bruno Funchal deixa o Tesouro Nacional e assume a Secretaria da Fazenda, abrindo a possibilidade para uma indicação política de algum nome designado por Davi Alcolumbre para a Secretaria do Tesouro – logo, burras abertas no erário para uso político. Marta Seiller deixa a secretaria-geral do Plano Plurianual de Investimentos e também escancara o posto para nova indicação política. Ainda sob resistência de Guedes, o chefe dele, Jair Bolsonaro, insiste em recriar o Ministério do Planejamento e lá alojar Rogério Marinho, arquirrival do ministro da Economia. No Ministério do Desenvolvimento Regional, no lugar de Marinho, deve ser alojado o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) a fim de conceder uma vaga pesada para o Senado no ministério, furar o Orçamento e dividir votos – sobretudo do MDB – entre os senadores. Guedes já recebeu até mensagem de texto do colega Luiz Eduardo Ramos, o general de pijama que ocupa a Casa Civil, agradecendo-o pela cordialidade com a qual abriga as facadas nas costas. Em resposta a Ramos, Guedes tentava até ontem fazer de Marinho apenas presidente do Banco do Nordeste do Brasil – para conservar intacta a estrutura do seu outrora “superministério” e, ainda assim, abrir vaga para Gomes na Esplanada. José Paulo Kupfer nos ajuda a analisar este cenário e a cena econômica atual. Florência Costa, ex-correspondente brasileira na Índia e colaboradora da imprensa indiana no Brasil, ajuda-nos a olhar para a Índia para tentar compreender as razões pelas quais a Nação asiática se converteu no epicentro da mais devastadora “nova onda” da pandemia por coronavírus e perscrutar o futuro que parece desolador no País que galga estatísticas letais assustadoras. E Orlando Brito, o repórter fotográfico que por mais de 50 anos dedica-se a registrar as imagens do poder em Brasília, revela-nos flagrantes da fome, da miséria e do desalento de um Brasil que surge destruído a partir dos cartazes que lemos nas mãos dos cidadãos que foram limados da rede de proteção social do Estado brasileiro com a soma da desordem do governo bolsonarista e a pandemia por Covid-19.

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