Ao participar do programa Sua Excelência, O Fato desta segunda-feira (link abaixo) o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), líder de seu partido e integrante da CPI do Genocídio alertou para a postura de arriscada parcimônia dos presidentes da Câmara e do Senado para com as ameaças golpistas de Jair Bolsonaro. “Não há dúvida de que o presidente da República tem um objetivo golpista”, disse Vieira.
E seguiu: “Bolsonaro nunca escondeu que é um admirador da ditadura. Provavelmente, ele entende que esse é o mecanismo para fazer gestão de Estado. Na verdade, defender a ditadura é um mero esconderijo da sua própria fraqueza e incompetência. Ele é incompetente para fazer um plano de Brasil. É incompetente para colocar qualquer plano em prática. Aí a desculpa que as instituições não funcionam, as regras tão erradas. E que é preciso subverter tudo isso.”
O líder do Cidadania acredita que todos os caminhos de apurações de atos e omissões do governo federal conduziram à tragédia brasileira no rumo do genocídio – são quase 480.000 mortos por Covid-19 desde março de 2020 – e que o presidente da República tem responsabilidades civis e criminais nesse desastre humanitário. Ele se revelou decepcionado com a condução dos presidentes da Câmara e do Senado no atual estágio da crise política.
“O Congresso está cumprindo parcialmente seu papel. Os presidentes das Casas, o senador Rodrigo Pacheco e o deputado federal Arthur Lira estão muito abaixo daquilo que se espera de quem comanda um poder e percebe que a democracia brasileira está em risco. E você não pode ter presidentes de poderes da República que fiquem calados”, diz Vieira. E segue: “E isso aconteceu não só no Parlamento, mas também no Supremo Tribunal Federal.”
O senador sergipano disse ainda aos jornalistas Luís Costa Pinto e Eumano Silva, que conduziam o programa, crer em “recuo tático” ao analisar o procedimento do Alto Comando do Exército ao não punir o general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello pela quebra da disciplina dos quartéis ao participar de ato político com Bolsonaro.
“Nós precisamos ter um cuidado grande para tentar compreender o gesto do comando do Exército ao não punir o Pazuello. Esse gesto tanto pode ser uma rendição ao Bolsonaro como pode ser um recuo tático”, diz ele. “O histórico do general Paulo Sérgio Nogueira (comandante-geral do Exército) é positivo, é democrático. É preciso ter uma compreensão mais afinada dos próximos passos que virão”. Para ele, o presidente da República insistirá no estresse institucional. “Bolsonaro é o tipo de governante que pode exonerar a cúpula das Forças Armadas por motivos obscuros”, advertiu.
Assista a entrevista.