Da Plataforma Brasília
Deputados ligados ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e ao senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL), esperam em clima de “assembleia permanente” a concessão de uma liminar que determine a repartição de R$ 1 bilhão entre as prefeituras de Maceió e de outras cidades integrantes da Região Metropolitana da capital alagoana.
No início da tarde de ontem, em um restaurante de Brasília, um grupo de parlamentares leais a Lira almoçava e fazia as contas de como seria a distribuição da verba extra oriunda do caixa formado com a concessão da rede de saneamento do estado leiloada no fim do ano passado: 75% do total – cerca de R$ 750 milhões – devem ser destinados (nas contas do grupo flagrado pela Plataforma Brasília) ao prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PSB) e os 25% restantes distribuídos para seis outros municípios.
De acordo com os cálculos políticos dos parlamentares que fazem oposição à família Calheiros em Alagoas (a Renan, pai, senador; e a Renan Filho, ex-governador e pré-candidato ao Senado; ambos do MDB), a decisão liminar deve ser dada até a tarde da sexta-feira 13 de maio. O prazo é fundamental, pois permitiria que a determinação judicial ainda fosse cumprida pelo governador provisório Klever Loureiro, desembargador e presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas. Loureiro está no cargo desde 2 de abril porque Renan Filho exercia o governo sem vice-governador (o ex-vice, Luciano Barbosa, renunciou em 2020 e se elegeu prefeito de Arapiraca). No próximo domingo, 15 de maio, às 13h, deve ocorrer eleição indireta na Assembleia Legislativa para eleger o novo governador-tampão e o favorito a vencer o pleito é o deputado Paulo Dantas (MDB), adversário dos grupos de Lira e de Rodrigo Cunha. Dantas e Cunha, inclusive, irão se enfrentar nas urnas – ambos disputam o governo do estado no pleito de outubro.
A celebração antecipada da oposição aos Calheiros se dava em razão da expectativa de que a decisão judicial tiraria do futuro chefe do Executivo a ser eleito domingo quaisquer ferramentas de gestão política com os recursos provenientes da concessão pública da antiga Casal (Companhia de Águas e Saneamento de alagoas). Na conta de todos ele, Paulo Dantas é favoritíssimo. O emedebista, que foi líder de Renan Filho na Assembleia, precisa de 14 votos para ser eleito e logo depois se converter em candidato à reeleição – e o MDB tem uma bancada de 17 deputados estaduais.
Os parlamentares ligados a Lira contam que a juíza Ester Manso, magistrada que já concedeu decisões liminares que retardaram a eleição indireta do novo mandatário alagoano e fez com que o Supremo Tribunal Federal ordenasse a reformulação das regras da eleição pela Assembleia, não se furtaria a dar nova liminar em revés dos anseios do ex-governador e do senador emedebistas.
A Plataforma Brasília procurou a assessoria do governador-provisório, Klever Loureiro, e a juíza Ester Manso. Mensagens foram deixadas no celular da juíza e, além disso, pedido de informações foi feito diretamente a uma assessora de Loureiro. Até o fechamento deste texto as respostas ou manifestações não haviam sido encaminhadas. O espaço permanece aberto e, tão logo explicações sejam enviadas, a publicação será atualizada.