“O autoritarismo elegeu esse e governo perdeu a credibilidade. Estamos numa encruzilhada política. Só as ruas mudam isso”, alerta José Genoíno.

Para o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoíno o centro da ação política da oposição é dialogar com os movimentos sociais que foram às ruas nos dias 29 de maio e 19 de junho, e que voltarão a elas em 24 de julho para novos atos pedindo a destituição de Bolsonaro da presidência. “A direita gourmet, que em 1984 estava representada pelo próprio Ulysses Guimarães, pelo Tancredo Neves, pelo José Sarney, pelo Marco Maciel, está calada e isso é estranho”, disse Genoíno aos jornalistas Luís Costa Pinto e Eumano Silva ao participar do programa Sua Excelência, O Fato (link abaixo, para a íntegra). “Então, o centro da oposição é dialogar com as ruas e construir pontes com as instituições. Porque as bandeiras que estão colocadas vão muito além de apenas derrubar esse governo. Temos de construir muita coisa e restaurar muitas conquistas que vêm sendo tiradas dos brasileiros”. Para José Genoíno, que no fim dos anos 1960 embrenhou-se nas selvas do Rio Araguaia junto com outros militantes do PCdoB para reagir à ditadura militar, “caminhamos para uma encruzilha política. Segundo ele, “o autoritarismo que elegeu o atual governo enfrenta uma crise de credibilidade”.

O ex-presidente do PT crê que a união da pandemia com uma aguda crise social e o apagão (racionamento de energia com blecautes pontuais) criarão uma tempestade perfeita contra o Brasil e os brasileiros no 2º semestre. “A rua é o caminho”, diz. Além disso, Genoíno se revela profundamente preocupado com a velocidade e com a ausência de debate por meio das quais pautas caras à agenda de endurecimento do sistema postas à mesa por Bolsonaro vêm passando no Congresso com o beneplácito dos presidentes das Mesas, Arthur Lira, na Câmara, e Rodrigo Pacheco, no Senado. “A indicação de um nome profundamente bolsonarista para o Supremo Tribunal Federal, a recondução de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral, a tentativa de submeter civis críticos dos militares à Justiça Militar são conflitos muito sérios e muito profundos que requerem nossa resistência”, alerta Genoíno. “Nós, quando fomos governo neste País, cedemos ao puritanismo, às pautas antiterror que vinham dos Estados Unidos, e deu nisso: fomos derrubados”, adverte.

No fim do programa, Genoíno diz que a volta dos brasileiros à ruas, lutando contra todos os retrocessos do bolsonarismo, terá mais sucesso à medida em que a maioria do povo recolocar na política uma questão central: a luta pelo regresso do afeto à ação política. “Vamos às ruas porque nos importamos com o outro, com os que virão no futuro, com o ser humano. O afeto tem de nos afetar”, conclama.

Confira a íntegra do programa com José Genoino.

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LUÍS COSTA PINTO

Luís Costa Pinto, 55. Jornalista profissional desde 1990. Começou como estagiário no Jornal do Commercio, do Recife. Foi repórter-especial, editor, editor-executivo e chefe de sucursal (Recife e Brasília) de publicações como Veja, Época, Folha de S Paulo, O Globo e Correio Braziliense. Saiu das redações em agosto de 2002 para se dedicar a atividades de consultoria e análise política. Recebeu os prêmios Líbero Badaró e Esso de Jornalismo em 1992. Prêmio Jabuti de livro-reportagem em 1993. Diversos prêmios "Abril" de reportagem. É autor dos livros "Os Fantasmas da Casa da Dinda", "As Duas Mortes de PC Farias" e "Trapaça - Saga Política no Universo Paralelo Brasileiro" que já tem três volumes lançados. Haverá um 4º e último volume). Também são de sua autoria "O Vendedor de Futuros", um perfil biográfico do empresário Nilton Molina e "O Procurador", livro-reportagem que mergulha nos meandros do Ministério Público e nas ações da PGR durante o período de Jair Bolsonaro (2019-2022) na Presidência da República.

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