Dólar passa de R$ 5,50 com troca de comando na Petrobras; ações da estatal despencam em NY

RIO – O mercado reage com nervosismo nesta segunda-feira ao anúncio de que o presidente Jair Bolsonaro trocará o comando da Petrobras. Em Nova York, as ADRs da estatal, papéis negociados na Bolsa americana, caem mais de 10% no chamado no pré-mercado, ou seja, antes mesmo da abertura da Bolsa. O dólar sobe mais de 2% e passa de R$ 5,50.

Na sexta-feira à noite, após o encerramento dos negócios na Bolsa de Valores de São Paulo, o presidente Bolsonaro anunciou que vai destituir Roberto Castello Branco do comando da empresa e substituí-lo pelo general Joaquim Silva e Luna.

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Na sexta, após o anúncio de Bolsonaro, as ADRs chegaram a cair 15% no ‘after market’, ou seja, após o fechamento do mercado nos EUA. Hoje, caem mais de 10%.

Isso depois de as ações da empresa terem fechado em queda de mais de 7% no horário regular de negociações na Bolsa brasileira, já refletindo declarações do presidente Bolsonaro sinalizando uma intervenção da companhia, sobretudo na sua política de preços de combustíveis. O mercado acionário só abre às 10h no Brasil.

As ADRs da Eletrobras, também controlada pela União, caem 6,98% no pré-mercado de Nova York nesta segunda.

Já o dólar comercial sobe 2,41%, a R$ 5,5172. As taxas de juros futuros também sobem com força.

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O contrato de DI para janeiro de 2022 é negociado na abertura dos negócios a 3,61%, contra 3,44% do fechamento de sexta-feira. A alta nesses contratos indica que os analistas preveem uma subida nos juros básicos da economia, a Taxa Selic, hoje a 2% ao ano.

A queda das ações da Petrobras na sexta veio acompanhada de uma enxurrada de relatório de bancos e corretoras piorando suas previsões para o resultado da companhia na Bolsa. Analistas estimam que as ações da empresa tenham forte queda hoje no mercado brasileiro.

Veja as avaliações

Corretora XP 

A corretora XP, em relatório divulgado neste domingo, informou para seus clientes que a partir de agora passa a recomendar a venda dos papéis da estatal, mirando um valor de R$ 24 por ação.

Na sexta-feira, as ações ordinárias (PETR4) da Petrobras fecharam o pregão valendo R$ 27,33. As ações preferenciais (PETR3) encerraram os negócios a R$ 27,10.

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“Vemos esse anúncio (de mudança no comando da estatal) como uma sinalização negativa, tanto de uma perspectiva de governança, dados os riscos para a independência de gestão da Petrobras, como também por implicar riscos de que a companhia continue a praticar uma política de preços de combustíveis em linha com referências internacionais de preços, ou seja, que reflitam as variações dos preços de petróleo e câmbio”, explicam os analistas. 

Durante videoconferência com integrantes do mercado financeiro no início da noite deste domingo, o analista Gabriel Francisco resumiu o relatório: 

— Não faz sentido ter uma recomendação numa petroleira que não se beneficia de uma melhora nos preços do petróleo — disse. 

BTG Pactual 

O BTG Pactual “rebaixou” as ações da Petrobras neste domingo, deixando de recomendar sua compra após a troca abrupta de CEO pelo presidente Jair Bolsonaro. A avaliação agora é “neutra”. Os analistas do banco também reduziram em 15% o preço-alvo dos papéis preferenciais (PETR3, sem voto) daqui a 12 meses, de R$ 34 para R$ 29. 

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“A falta de clareza para onde a Petrobras está indo agora é considerável. O controle do preço do combustível em meio à ‘reflação’ do preço do petróleo é um motivo óbvio de preocupação, mas pode nem ser o maior”, diz o relatório.

“À medida que nos aproximamos de um ano eleitoral, nossa principal preocupação agora reside no que um novo CEO e, potencialmente, uma nova equipe de gestão significará para alocação de capital (…) e para o programa de venda de ativos”, resumiram os analistas do BTG. 

Aberdeen Standard Investments 

A gestora Aberdeen Standard Investments, dona de a 0,5% do capital social da estatal, enviou no último sábado carta aos membros do Conselho de Administração da Petrobras em que mostra preocupação com a mudança no comando da estatal. 

A carta, a qual O GLOBO teve acesso é assinada por Devan Kalook, diretor global de ativos da gestora, e Eduardo Figueiredo, diretor da operação brasileira. Os executivos classificaran como negativa a interferência do governo. A informação foi antecipada pela colunista Míriam Leitão.

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“Nossa visão de que mudanças no corpo de executivos atual da companhia, sem um devido racional e rigoroso processo, serão tomadas como negativas”, diz a carta.

“Enfatizamos também que decisões sobre a nomeação ou substituição de executivos devem ser de exclusiva responsabilidade do conselho de administração da companhia, com ativa participação dos membros independentes, passando por uma análise objetiva de qualificações, em consonância com melhores práticas”, completa o documento. 

Efeito nos juros 

O economista André Perfeito, sócio da gestora Necton Investimentos, destacou em seu relatório para clientes que a decisão do presidente Jair Bolsonaro vai aumentar o nervosismo nos mercados financeiros, o que deverá fazer com que o Banco Central inicie, já em março, um ciclo de aumento da taxa básica de juro, a Selic, que atualmente está em 2% ao ano. 

“Objetivamente podemos supor que a elevação do risco irá pavimentar o início do ciclo de alta da Selic na reunião de março. Já víamos bons motivos para o início do movimento de correção da Selic; o que aconteceu na sexta apenas reforça as tendências observadas”, afirmou o economista no documento divulgado neste domingo.

Leia aqui a publicação original de O Globo: https://oglobo.globo.com/economia/dolar-passa-de-550-com-troca-de-comando-na-petrobras-acoes-da-estatal-depencam-em-ny-24892524

https://oglobo.globo.com/economia/dolar-passa-de-550-com-troca-de-comando-na-petrobras-acoes-da-estatal-depencam-em-ny-24892524

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