Ataques à urna eletrônica são armadilha de Bolsonaro para pautar debate político

Segundo o jornalista e cientista político João Gabriel de Lima, o ecossistema político brasileiro é rico demais para cair nas armadilhas de Bolsonaro, o tempo todo, e deixar que ele paute o debate político. “A história de voto impresso, urna eletrônica, voto auditável, é uma dessas armadilhas”, adverte João Gabriel, que cumpre período sabático em Portugal, onde faz o doutoramento em Ciências Políticas. Ele foi o convidado especial desta quarta-feira no programa Sua Excelência, O Fato (link para a íntegra no final desse texto), e debateu com os jornalistas Luís Costa Pinto e Eumano Silva.

Autor do ensaio “No pior clube”, publicado na revista Piauí do mês de julho, ele revela que o Brasil já é a Nação que inspira a maior preocupação dentre os acadêmicos e estudiosos que monitoram a consistência de regimes democráticos em todo o mundo. “Estamos no caminho da autocratização. Ou seja, de manutenção de um autocrata no poder, e eles chegam ao poder por meio do voto”, diz João Gabriel.

Lembrando as trajetórias políticas do polonês Andrej Duda, do húngaro Viktor Orbán e do indiano Narendra Modi, todos eles autocratas que deterioram as democracias em seus países e hoje lideram regimes de força que caminham para ditaduras, João Gabriel de Lima adverte: “todos eles passaram para um segundo mandato. No primeiro, não atacaram frontalmente a democracia. Mas, no segundo, sim. E sem contenção da sociedade”.

Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, em nota publicada nesta quarta-feira, amanhã Jair Bolsonaro promete revelar “provas” de vulnerabilidades da urna eletrônica. Ou seja, em seu desespero para tentar seguir pautando a agenda política, seguirá tentando circunscrever o debate aos temas que ele escolher. A oposição a Bolsonaro e ao governo precisam estar atentas à estratégia a não cair naquilo que João Gabriel de Lima classifica como estratégia eleitoral de circunscrição de agenda.

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LUÍS COSTA PINTO

Luís Costa Pinto, 55. Jornalista profissional desde 1990. Começou como estagiário no Jornal do Commercio, do Recife. Foi repórter-especial, editor, editor-executivo e chefe de sucursal (Recife e Brasília) de publicações como Veja, Época, Folha de S Paulo, O Globo e Correio Braziliense. Saiu das redações em agosto de 2002 para se dedicar a atividades de consultoria e análise política. Recebeu os prêmios Líbero Badaró e Esso de Jornalismo em 1992. Prêmio Jabuti de livro-reportagem em 1993. Diversos prêmios "Abril" de reportagem. É autor dos livros "Os Fantasmas da Casa da Dinda", "As Duas Mortes de PC Farias" e "Trapaça - Saga Política no Universo Paralelo Brasileiro" que já tem três volumes lançados. Haverá um 4º e último volume). Também são de sua autoria "O Vendedor de Futuros", um perfil biográfico do empresário Nilton Molina e "O Procurador", livro-reportagem que mergulha nos meandros do Ministério Público e nas ações da PGR durante o período de Jair Bolsonaro (2019-2022) na Presidência da República.

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