Bolsonaro é soldado raso nos Jogos de Guerra da Europa, desclassifica o Brasil no mundo e há impacto na campanha

Por Luís Costa Pinto – Foram feitas advertências internas, no Itamaraty, ao ministro das Relações Exteriores, Carlos França, para que ele se empenhasse em convencer o chefe Jair Bolsonaro a cancelar a viagem à Rússia há duas semanas. Os ouvidos moucos de França e a arrogância dos ignorantes de Bolsonaro desdenharam os alertas dados pelos escalões profissionais da diplomacia brasileira. Resignados, insistem em persistir atuando friamente e profissionalmente nesses anos de chumbo de uma chancelaria nacional que desmonta a tradição do Brasil como protagonista da solução de conflitos internacionais.

Andrajoso em suas vestes de Chefe de Estado roto e esfarrapado, porque mesmo os uniformes de gala caem-lhe como os macacões sujos dos soldados rasos que cumprem caninamente as missões determinadas pelo voluntarismo dos idiotas com atitude, Bolsonaro foi à Rússia. Estava convencido que Vladimir Putin não daria o primeiro tiro em direção à Ucrânia e anexaria as regiões de Donetsk e Luhansk apenas com a exibição de seu potencial de força. Deixava-se monitorar pelas informações de baixíssima qualidade do aparato de informações estratégicas do Estado brasileiro. Em Moscou, Bolsonaro chegou a dizer que o autocrata russo busca a paz.

Na madrugada desta 5ª feira, 24 de fevereiro, no Brasil, Vladimir Putin ordenou os primeiros bombardeios a alvos dentro do território ucraniano e começou a primeira guerra entre nações na Europa desde o fim da 2ª Guerra Mundial em 1945. Há uma evidente escalada de anexação da Ucrânia à Rússia, como é possível depreender dos discursos bélicos de Putin. O autocrata russo, amigo de Bolsonaro e visto pelo brasileiro como uma personalidade pacífica, põe em dúvida até a legitimidade da existência de um Estado ucraniano. Para ele, a Ucrânia seria uma Nação artificial criada em 1991 depois do desmonte da União Soviética.

Jair Bolsonaro é irrelevante na cena internacional. O Brasil, não. Ou melhor, não era até Jair Bolsonaro cair de pára-quedas na cadeira presidencial, largado do ar pelo “Partido Militar” que se esforçou em pô-lo onde está e depois se dividiu ante o ruinoso legado que a criatura desumana produziu. Um dia antes do início efetivo da guerra europeia, celebrava-se no Palácio do Planalto a esquisita pesquisa “Futura/ModalMais” (assista o link no fim deste texto, com um corte da TV 247, para entender do que trata a pesquisa) que apontou de forma esdrúxula (usando metodologia condenada por cientistas políticos), um improvável empate entre o ex-presidente Lula e Bolsonaro em intenções de voto.

Na esteira da guerra em suas primeiras horas, o preço do barril de petróleo ultrapassou os US$ 100 pela primeira vez em sete anos, o dólar e o euro readquiriram ritmo de valorização no mercado brasileiro e as bolsas de valores despencaram em todo o mundo. Tudo isso, além do descrédito do Brasil na cena internacional, impactará de forma rápida e atroz qualquer novo início de recuperação econômica que começava a experimentar – em que pese a persistência da inflação alta.

Mesmo com as intervenções de Bolsonaro na Petrobras, que são esperadas por investidores nos próximos dias, não há mais condições objetivas de mercado para apostar na queda dos preços dos combustíveis antes da solução da guerra pela Ucrânia. Hoje, o conflito está apenas no começo e a aposta é de uma escalada duradoura. Economias se desorganizam em guerras, antes de as economias das nações vencedoras se reorganizarem para ganhá-las e depois para reconstruir o que foi destruído. O Brasil, que nunca esteve preparado para um conflito europeu real, cuja diplomacia tonta liderada por Bolsonaro e França apostou em blefes de Putin, não está organizado para o novo momento financeiro internacional.

Além de toda a tragédia descrita até aqui, impõe-se a Bolsonaro lidar com um dado eloquente e real trazido à cena pelo jornalista americano Glenn Greenwald em entrevista à TV 247: porque o atual presidente brasileiro flertou abertamente com a Rússia de Putin às vésperas dos bombardeios na Ucrânia, e porque o mesmo Bolsonaro é um aliado de 1ª hora de Donald Trump (que não morreu para a política norte-americana e ameaça voltar como candidato fortíssimo à Presidência em 2024, embalado pelas eleições congressuais que os Democratas e Joe Biden devem perder), os Estados Unidos tendem a apoiar fortemente a oposição no Brasil. Para Greenwald, na verdade, Biden deixará claro que o ex-presidente Lula tem a preferência dos EUA na acirrada campanha presidencial brasileira, que já começou.

Os jogos de guerra estão só começando, e Bolsonaro é soldado raso no tabuleiro dessa partida de War. Não tem exército confiável, nem aviões, nem sabe onde está seu centro estratégico. Torce sempre que os dados amarelos o favoreçam aleatoriamente.

Fonte: https://www.brasil247.com

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