Sua Excelência, O Fato #87

A Organização Mundial de Saúde aponta o Brasil como o 59º País do mundo em percentual da população vacinada contra a Covid-19. Apenas 17% dos brasileiros receberam as duas doses de alguma vacina contra o coronavírus. Além disso, com uma proporção de 2.002 mortos por milhão de habitantes, somos o nono País no ranking mundial de letalidade durante a pandemia. Ou seja, no Brasil de Jair Bolsonaro, morre-se muito e protege-se pouco a população – é esta a síntese do enredo que se desenrola ao vivo na CPI do Genocídio em exibição no Senado Federal. Hoje, Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social do Palácio do Planalto que brigou com ao menos seis ministros durante sua passagem pelo Governo Federal e arrumou tempo para fazer biscate na Esplanada dos Ministérios como lobista de venda de vacinas para o Ministério da Saúde sentará no banco de oitivas da CPI e tende a complicar o ex-chefe e amigo, Bolsonaro. O temperamento arrogante e explosivo de Wajngarten deve levá-lo a achar que detém o controle da situação e cometer erros contra a sua defesa e contra a defesa do Planalto. Em paralelo a isso, desenrola-se na cena brasiliense o novo escândalo que atinge em cheio Jair Bolsonaro: o desvio de verbas do Orçamento da União promovido por um consórcio entre os ministérios do Desenvolvimento Regional, da Economia, da Casa Civil, a Secretaria Geral do Governo, as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e gabinetes de parlamentares que se beneficiam com a liberação dócil de emendas orçamentárias para a compra de tratores ou obras públicas – muitas vezes superfaturadas – em razão de seus desempenhos numa escala de fidelidade elaborada pelo Palácio do Planalto. É o “Bolsolão”. Ou, em resumo, a troca de votos no Congresso por verbas públicas que irrigam os caixas pessoais e políticos de congressistas – tudo promovido por Bolsonaro e que emergiu a partir de reportagem publicada em O Estado de S Paulo do último domingo. Não fosse por si espantoso tudo isso, o Governo Federal evitou repudiar ação evidentemente criminosa de execução de 27 pessoas no complexo de favelas do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, há uma semana; ao contrário, o presidente da República saudou a bravura da Polícia Civil fluminense, autora das execuções, e lamentou exclusivamente a morte de um policial vitimado pelo contra-fogo na ação ilegal. Por fim, como a lançar uma cortina de fumaça destinada mais a confundir do que a explicar a conjuntura nacional, a Polícia Federal – intimamente vinculada ao Ministro da Justiça, que tem na cadeira central do ministério, pela primeira vez, um delegado da PF – pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal para investigar o ministro Dias Toffoli por venda de sentenças. Nunca antes na História desse País um ministro do Supremo Tribunal Federal foi investigado por tal crime – ou por qualquer outra coisa. Ressalte-se: o pedido da PF soa mais como cortina de fumaça no ambiente tisnado e plúmbeo de Brasília e da incompetência gerencial do que disposição real para investigar uma denúncia que, em seu berço, já parece confusa e improvável. O Brasil é uma Nação em dissolução? Este é o tema das análises do Sua Excelência, O Fato desta 4ª feira. O programa tem como convidada especial a jornalista Carolina Trevisan, colunista do Uol, uma das âncoras do podcast Baixo Clero.

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