Por Luís Costa Pinto
O Brasil joga uma espécie de playoff da Democracia e perdeu de 7 a 1 as duas primeiras partidas para a seleção de Gilead. As partidas se dão em meio a uma pandemia que distorce quaisquer ideias de realidade e faz com que os times estejam em campo mesmo sob a bruma estranha que faz lembrar uma espécie de atmosfera de fim dos tempos.
Eis que, convocados por aclamação popular, dois velhos craques surgem no Centro de Treinamento brasileiro: Pelé e Garrincha. A dupla andava afastada – tanto um do outro quanto, ambos, dos campos.
Pelé quis jogar em 2018, mas, deu-se imensa trapaça do destino e um juiz ladrão produziu uma sentença sob encomenda das tropas de Gilead para evitar que pudesse fazê-lo.
Garrincha estava fora de forma, dera declarações desencontradas e fora visto desde 2014 na companhia de amigos trôpegos e de escassa formação democrática. Contudo, sempre fora Garrincha e poderia entrar em campo de qualquer jeito. Suas pernas tortas sempre haviam sido capazes de empenar os adversários. Afinal, ganhara eleições mesmo dizendo que aprendera a comer buchada de bode em Paris, à rive gauche. Nem mesmo tamanho sincericídio afetado lhe confiscou votos.
– Podemos jogar, meu querido? – perguntou o Pelé dessa história com sua inconfundível voz rouca e língua presa.
Ninguém respondeu, tamanho absurdo seria questionar a disposição de alguém como ele – ou, melhor, como ambos – de entrar em capo juntos para derrotar a sanha nazi-facista e genocida do escrete de escrotos de Gilead. Eles haviam subjugado a todos, nos campos da Democracia, em 2016, a produzir um impeachment sem crime de responsabilidade, e em 2018, ao convocarem militares da ativa e da passiva para entrar em campo e embaralhar o jogo a fim de elegerem um néscio. À guisa de resposta, jogaram-lhe as camisas – 13, para Pelé. E a 45, para Garrincha.
Recalcados, imbuídos da força perversa dos que são acometidos da Síndrome de Pequenas Autoridades, Caça-Rato e Jacozinho, que tinham sido titulares nas duas derrotas por 7 a 1 para os proto-fascistas de Gilead, protestaram.
– Esse encontro (dos dois em campo) ajuda a derrotar Gilead – apressou-se em redarguir Caça-Rato, que até então usava a camisa 45. – Nossa característica é saber dialogar, inclusive com adversários políticos. Precisamos evitar sinais trocados.
– Devemos continuar o jogo pelo centro – somou-se a Caa-Rato o ponteiro direito Jacozinho, que andava fora de condições de jogo por se sentir machucado, mas, nos últimos dias, revigorara-se em meio à mediocridade reinante no lado brasileiro. – Pelé nunca foi e nunca será opção a quem veste 45 – pronunciou-se ameaçador.
O estratégico vazamento da foto de Pelé e Garrincha, máscaras no rosto, toque de punhos cerados no cumprimento que se tornou característico na pandemia e olhares afogueados a ansiosos por derrotarem, juntos, o adversário comum, irradiou tamanha energia que Caça-Rato e Jacozinho tiveram de compreender à força o imenso déficit democrático que têm. As declarações dos dois foram lidas com desdém em todo o País. Sem lugar na Seleção Brasileira que pretende virar o playoff a partir do terceiro jogo, em 2022, foram aconselhados a sequer saírem dos vestiários.
Bruno Araújo, presidente do PSDB, e Aécio Neves, o herdeiro que tocou fogo no patrimônio político do avô Tancredo, têm de compreender, mesmo que a fórceps por uma agressão de fatos que teimam em acontecer, que não há lugar para a pequenez deles quando personagens da dimensão dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique dão as mãos e decidem que estão juntos para derrotar o personagem demoníaco que encarna todo o mal: Jair Bolsonaro. Que se calem, de pronto, e saiam de cena: o mal conseguiram ajudar a fazer é imenso e nem o empenho e o trabalho diuturno de duas gerações serão suficientes para nos repor nos trilhos em que transitávamos até 2013.