Por Luís Costa Pinto
No último domingo uma reportagem que ocupou meia página na edição impressa do jornal O Globo pôs luz em bastidores de uma disputa interna que consome energia e ativos políticos reais do Partido dos Trabalhadores. O jornalista e ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) do ex-presidente Lula no 2º mandato, Franklin Martins, foi perfilado como sendo um personagem responsável por desentendimentos internos no PT. O motivo central desse “desentendimento” seria o contrato do também jornalista e publicitário Augusto Fonseca, chancelado por Franklin, para fazer o marketing de Lula. O jornal carioca deu até o valor da discórdia: R$ 40 milhões, montante acertado por Fonseca com as estrutura petista de campanha. O vazamento do numerário entregou uma das fontes da reportagem – reportagem, sim, pois o desentendimento interno existe e é notícia: Jilmar Tatto, secretário nacional de Comunicação do PT.
Integrante de uma dinastia política que fincou base em parte do diretório estadual paulista da legenda, e que controla a maior parte do diretório paulistano do Partido dos Trabalhadores, Jilmar Tatto é combatido por alas petistas em razão dos métodos que adota na prática política. Hoje, controla o único núcleo do petismo que detém alguma margem para fazer negociações – o de comunicação, que paga despesas de contratação de mídia e de marketing – e por isso crê ter um “exército” interno. Tatto já abriu negociações com alguns veículos alternativos de comunicação que integram o espectro da chamada “mídia digital independente” e, certos da vitória, ele e os interlocutores midiáticos dele já passaram a dividir um eventual espólio de poder que surgirá com uma vitória eleitoral de Lula (caso se confirme, o que não é de fácil vislumbre, basta ler a nota acima).
Franklin Martins e Augusto Fonseca são dois profissionais tarimbados, éticos, experientes e respeitados.
Franklin liderou, na Secom, um dos processos mais justos, republicanos e inteligentes de redistribuição da verba midiática ao regionalizar o volume de recursos da publicidade oficial no 2º mandato de Lula (2007-2010) a partir de estratégia traçada por Ottoni Fernandes. O ataque que sofre é injusto, mas, revelador da ausência de maturidade e de seriedade de parte do grupo político que passou a gravitar em torno do PT e do ex-presidente. Ver tais movimentos autoriza a visão pessimista de que parte dessas pessoas cometa erros velhos num eventual novo governo.