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Bolsonaro mente 5 vezes sobre covid e diz que mortes ‘interessam a alguns’

Eduardo Militão e Fábio Castanho

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez pelo menos cinco afirmações falsas sobre a pandemia de coronavírus na manhã desta segunda-feira (1º), numa conversa com apoiadores que o aguardavam no jardim do Palácio do Alvorada. Ele disse que mortes por coronavírus interessam a “alguns setores da sociedade brasileira”. O presidente afirmou que “alguns políticos” preferem que os pacientes fiquem em “estado grave” nos hospitais.

As declarações equivocadas do presidente tratavam de número de mortes por milhão no Brasil, do chamado “tratamento precoce”, de efeitos colaterais de medicamentos, da eficácia do isolamento e da compra de vacinas vinculadas a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Na mesma conversa, o presidente disse que “não errou nenhuma” de suas avaliações e previsões sobre o coronavírus. “Desculpe pessoal, não vou falar de mim, mas não errei nenhuma. Não precisa ser inteligente para entender isso, tem que ter o mínimo de caráter. Só quem não tem caráter joga ao contrário.” Segundo Bolsonaro, ele anteviu que o isolamento físico traria problemas psicológicos às pessoas.

1. Anvisa alertou para risco de medicamentos citados Bolsonaro afirmou aos militantes que alguns remédios defendidos por ele contra a covid-19 não teriam efeitos colaterais. “Esses de tratamento precoce, ivermectina, hidroxicloroquina, Annita, seja o que for… não tem efeito colateral, por que não tomar?”, disse o presidente. “Parece que, quanto mais morrer, melhor é para alguns setores da sociedade brasileira.” No entanto, pelo menos no caso da hidroxicloroquina e da ivermectina, os efeitos colaterais constam na bula dos próprios medicamentos. No caso da primeira, a Anvisa publicou um documento técnico relatando estudos que ligam reações no sistema cardíaco ao uso do remédio no tratamento para covid. A agência europeia (EMA) ligou a cloroquina a distúrbios psiquiátricos e comportamentos suicidas. Sobre a ivermectina, a Anvisa divulgou um alerta em julho sobre “uma série de riscos à saúde”.

2. “Tratamento precoce” não tem comprovação Bolsonaro disse que busca em outros países estudos que comprovem a eficácia do que ele chama de “tratamento precoce”. “Quando tem matéria da imprensa que falar de tratamento de outros países, mandamos para o embaixador confirmar né. E alguns países têm confirmado tratamento precoce que tem dado certo. O que mandei agora é Coreia do Sul, seria com a cloroquina.”

No entanto, os tratamentos precoces mencionados por Jair Bolsonaro não têm comprovação de que funcionam. No site da Anvisa, responde à pergunta “qual a situação da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19?”: “A Anvisa, da mesma forma que o FDA [agência dos Estados Unidos], não recomenda o uso indiscriminado desse medicamento, sem a confirmação de que realmente funciona.” Ao aprovar vacinas para uso emergencial, em 17 de janeiro, a agência afirmou que não existe tratamento para a doença.

Leia aqui a íntegra da reportagem publicada no portal uol: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/03/01/bolsonaro-covid-mortes-interessam-a-alguns.htm

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