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A praga do jornalismo lava-jatista

Brasília – O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta tarde o julgamento da Ação Penal 470, conhecida como processo do mensalão. Neste momento, o ministro-revisor da Ação Penal 470, Ricardo Lewandowski, conclui seu voto referente ao Capítulo 6, que trata da compra de apoio político.A trigésima segunda sessão começou hoje (4) com atraso devido à falta de energia que deixou a região central de Brasília totalmente parada, incluindo a Esplanada dos Ministérios. Nesta quarta, Lewandowski dirá se condena ou absolve o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu do crime de corrupção ativa. O magistrado afirmou que levará a primeira metade da sessão de hoje para concluir seu voto.Em seguida, os ministros começam a votar de acordo com a ordem inversa de antiguidade. A primeira será a ministra Rosa Weber. Ao final da sessão de ontem (3), o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, disse que iria permitir aos ministros que também atuam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) antecipar seus votos.Foram condenados ontem, pelo ministro-revisor, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e os réus do chamado núcleo publicitário, Marcos Valério, Ramom Hollerbarch, Cristiano Paz e Simone Vasconcelos.Lewandowski absolveu o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto, o ex-sócio de Marcos Valério Rogério Tolentino e a ex-funcionária de Marcos Valério Geiza Dias. Segundo Lewandowski, as acusações contra Genoino eram vagas e genéricas e deixaram ao réu "a kafkiana tarefa de defender-se de acusações abstratas e impessoais".Já o ministro-relator Joaquim Barbosa condenou oito dos dez réus, absolvendo apenas Anderson Adauto e Geiza Dias. Ao condenar José Dirceu, Barbosa afirmou que "o conjunto das provas coloca o então ministro [José Dirceu] em posição central, (...) como mandante das promessas de pagamentos indevidos aos parlamentares".

Por Cristina Serra

Quando começou, em 2014, a Lava Jato gerou justificadas expectativas de combate à corrupção. Revelou-se, no entanto, um projeto de poder e desmoralizou-se em meio aos abusos e ilegalidades cometidas por Moro, Dallagnol e a força-tarefa.

Além de afrontar o ordenamento jurídico e ajudar a corroer a democracia, a Lava Jato também corrompeu e degradou amplos setores do jornalismo; em alguns casos, com a ajuda dos próprios jornalistas, como a Vaza Jato já havia mostrado e agora é confirmado nas conversas liberadas pelo ministro do STF, Ricardo Lewandowski.

Relações promíscuas entre imprensa e poder não são novidade. No caso da operação, contudo, as conversas mostram que repórteres na linha de frente da apuração engajaram-se no esquema lava-jatista e atuaram como porta-vozes da força-tarefa, acumpliciados com o espetáculo policialesco-midiático.

Jay Rosen, professor de jornalismo da Universidade de Nova York, cunhou o termo “jornalismo de acesso” para definir como jornalistas sacrificam sua independência e abandonam o senso crítico em troca do acesso a fontes, que passam a ser tratadas com simpatia e benevolência. A Lava Jato é um caso extremo de “jornalismo de acesso”, no qual repórteres aceitaram muitas convicções sem as provas correspondentes.

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